Minha adolescência com Rage Against the Machine [Resenha]

Em precisamente 4 de Abril de 1997, na festa em que eu completaria 12 anos, uma época em que eu ouvia muita música pop, escutava a 97fm e Jovem Pan e era facilmente embalado pelas músicas “tuts tuts” da época. 
Meus amigos da vila curtiam rock, eu tinha um certo preconceito com os sons mais pesados e achava que rock era tudo igual e a única coisa que eu  realmente conhecia do segmento era Creedence Clearwater Revival, meu pai tinha o disco dessa banda e outros mais, mas que não me interessavam e não eram rock como ABBA ou Pholhas.

Neste dia em especial meu pai tinha chamado uns amigos dele também para minha festa na intenção fazer um pagode, agora, imagina minha mente confusa em que meu pai queria fazer o pagodão e meus amigos queriam ouvir rock. Foi então que um dos meus amigos o Rafael que era apelidado de Salgado tinha gravado uma fita k7 e levou pra festa e disse “eu sei que você não curte rock, mas tenta pelo menos ouvir essa fita e abrir a sua mente para o novo”.
Eu disse pro meu pai após o fim do ‘pagodão’ que iria colocar um som que meus amigos tinham levado e era pra ele respeitar, pois a festa era minha (olha só que marra). E ele por milagre aceitou.
Quando dei o play aquele silêncio imperava pela casa, e de repente veio o estrondo de uma palhetada, com a explosão da bateria e o peso do baixo deram início ao que seria minha revolução pessoal sobre a música, sim amigos era Killing in the name do Rage Against The Machine. De início não entendia bem a proposta do som, mas gostava da levada em que se encaminhava, com um pouco de peso e um groove que pra mim era novidade, era um ritmo não tão pesado, mas que ainda chamava a atenção de todos.
Enquanto eu prestava atenção na música meus amigos já balançavam a cabeça acompanhando o ritmo da parte mais lenta em que Zack de la Rocha cantava “Some of those that work forces, are the same that burn crosses”. E lógico que eu não entendia, mas gostei do som e assim pedi pro Rafael gravar o álbum inteiro, pois na fita não tinha apenas Rage Against e sim várias bandas como Marilyn Manson, Pennywise e vários outros que na época eu não conhecia.
Alguns dias depois, comecei a escutar o álbum de estréia do Rage Against que foi lançado em 1992 pela EPIC, eu percebi que segunda faixa não era a única mais pesada e sim praticamente todas, exceto a “Settle for notthing” que apesar de lenta tinha um peso que acompanhava a ideia instrumental do disco.
De início a faixa ‘Bombtrack’ chamava atenção pela linha de baixo e guitarra num modo lento fazendo um riff palhetado e abafado indo para uma explosão do início da música como se fosse um pequeno estopim próximo da dinamite, e assim a música se mostrou com peso do rock e a atitude do Rap, o que pra mim foi fenomenal, meu pai que não era adepto ao rock aceitou a música até chegando a cantar ‘burn burn’ lógico, da forma dele algo como um grunhido de longe.
A ideia de rock pesado como algo inaudível caiu por terra quando chegou na faixa ‘Take the power back’, as batidas duplas da bateria bem equalizada e hipnotizante de Brad Wilk no início da música com o baixo levado de um groove inspirador de Tim Commerford e a guitarra alucinante do Tom Morello que diga-se de passagem um mago dos efeitos e escalas que fizeram o solo dessa música na minha opinião o melhor do álbum.
O restante do álbum segue essa linha pesada do rap metal com uma pitada de efeitos de guitarras e as letras protestantes de Zack de la Rocha.
Em ‘Freedom’ outro som famoso da banda podemos notar um peso inicial que tinha uma frase de riff bem interessante de ouvir e fácil de guardar, e o seguimento da música com o estilo rap rock não deixou a música cair levando ao ápice dos berros de Freedom! Mostrando que vieram pra ficar e talvez abrir caminho pra outras bandas com o estilo semelhante como Limp Bizkit.
Rage Against the Machine foi a banda que me inseriu no rock, este álbum que quebrou meu preconceito sobre o estilo, abriu novos caminhos para a música e me despertou a curiosidade de várias outras bandas como At the drive-in, Pennywise, Bad Religion, e outras que pretendo contar neste blog.
Minha nota é 5 estrelas para esse álbum premiadíssimo no meu acervo pessoal, que além de ser muito bem elaborado musicalmente tem uma mensagem de protesto e revolução, mesmo que não tivesse nenhuma revolução no país ou mundial por vir, me inspirou a criar minha própria revolução musical e me inseriu no mundo artístico de alguma forma.


Um comentário: